Louras Devassas e o Falso Moralismo Brasileiro

A Schincariol lançou durante o carnaval a sua nova cerveja, a Devassa Bem Loura. A nova marca irá concorrer com as grandes marcas de cervejas, tais como Brahma e Skol, além da Nova Schin (ambas de propriedade do grupo Schincariol). A cerveja não nasceu do nada, ela é a extensão da marca carioca Devassa comprada pelo grupo em 2007. Até o momento, a Devassa só era encontrada em garrafas Long Neck em várias versões.

Lançamento da Devassa Bem Loura contou com Paris Hilton

Para o lançamento da nova marca, a Schincariol chamou a socialite Paris Hilton – que tem como profissão ser uma celebridade –, herdeira da cadeia de hotéis Hilton. Ela atua em uma propaganda (onde não toma a cerveja) e recepcionou os convidados do camarote da Devassa no sambódromo carioca – onde deu escândalo (dizem que fazia parte do show o escândalo).

O lançamento foi um sucesso: diversos jornais e revistas noticiaram o investimento na celebridade, vários blogs comentaram o fato de Paris Hilton ser contratada para ser garota propaganda da nova marca de cerveja, a repercussão da passagem dela na Sapucaí foi enorme, maior até que o de Madonna no camarote da Brahma – que patrocinou a cantora e o desfile da escola Grande Rio –, e a cerveja foi bem recebida pelo público. O único problema foi o falso moralismo.

O CONAR (Conselho Nacional de Auto Regulamentação em Propaganda) abriu três processos. Uma delas por solicitação da Secretaria Especial de Políticas para a Mulher, por entender que o site da cerveja é sexista e desrespeitoso à mulher. Os outros dois foram abertos depois de denúncia de um consumidor, que reclamou da abordagem da sensual das peças protagonizadas pela socialite – que dança no comercial de TV com a latinha na mão –, e o último foi aberto pelo próprio órgão, e questiona promoção feita no site. A Schincariol não foi informada ainda.

Site da Devassa Bem Loura, queé um dos alvos de reclamação no CONAR

Engraçado o CONAR abrir processo. Não há nenhum problema em nenhuma das peças, seja no site, seja nos anúncios impressos, seja no comercial de TV. O que mais uma vez aconteceu é o falso moralismo brasileiro (que vem aumentando exponencialmente há pelo menos 10 anos) e o maldito politicamente correto – que é a nova forma que o governo descobriu para censurar a propaganda e outras formas de liberdade de expressão.

Engraçado também essa Secretaria da Mulher (que tem status de ministério) se preocupar com propaganda. Com tanta mulher que é espancada por ai, e a Lei Maria da Penha que por enquanto não mostrou muito resultado.

Há por ai muita coisa pior. Como exemplo, tem o novo conceito da Nova Schin (do mesmo grupo da Devassa), que mostra mulheres só de biquíni (e dos pequenos) e apela ao extremo. A Kaiser é outro exemplo. Até modelos atrás das tampinhas de cerveja eles colocaram. Sem falar de Itaipava – a sem comparação e com muitas mulheres bonitas nas propagandas – e Antarctica – a BOA, que usou por um bom tempo a atriz Juliana Paz nos comerciais. O comercial da Devassa ela usa um vestido curto, como o da estudante Geyse Arruda, e não abusa em nenhum momento.

Tampinhas da Kaiser

Tão ruim, e até mais perigoso, quanto explorar a sensualidade e colocar a mulher como uma vadia, é o estimulo à violência na propaganda, como a Brahma fez em seu anúncio Guerreiros, que basicamente dizia que Copa do Mundo é uma guerra, e se não ganhar vai ter pau. O CONAR não condenou esse comercial da Brahma.

Ninguém quer que a mulher seja tratada como uma vadia, uma prostituta, mas a sensualidade sempre esteve presente na propaganda, principalmente de cerveja, e de uns tempos para cá ela vem diminuindo bastante, até para se diferenciar, pois se todos usam o conceito de que se beber uma marca de cerveja você se dá bem com a mulherada, não há diferenciação.

Mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, e aqui.

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